Por Maricelio Almeida – Repórter do JORNAL DE FATO
Natural de Umarizal, o empresário Francisco Vilmar Pereira iniciou sua trajetória empreendedora de sucesso em 1968, em Mossoró. Há mais de três décadas atua na indústria petrolífera, através da Vipetro, empresa genuinamente mossoroense que hoje está presente em estados como Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Ceará. Ao longo do tempo, a Vipetro se especializou na construção de gasodutos, oleodutos, tanques, vasos, estações coletoras e demais, tendo participado ainda da construção do Porto Ilha.
Vilmar Pereira é um dos vice-presidentes da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) e preside, pela segunda vez, a Associação Comercial e Industrial de Mossoró, a ACIM.
Na entrevista da semana do “Cafezinho com César Santos”, o bem-sucedido empresário confirma, entre outros pontos, que um dos mais tradicionais eventos do calendário de Mossoró será realizado este ano: a Feira da Indústria e do Comércio da Região Oeste (FICRO), que chega a sua 32ª edição.
“A Ficro acontecerá esse ano no mês de outubro. Firmamos uma parceria com a TCM, e ela será virtual. Já fizemos contatos com nossos colaboradores, com o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com a Fecomércio, Fiern, e com a Prefeitura de Mossoró. Nós temos certeza do sucesso”, adianta.
Ainda na conversa a seguir, Vilmar Pereira também fala sobre a presença da ACIM nas eleições municipais 2020, revelando que a associação deverá renovar parceria com uma emissora de televisão da cidade para realização e divulgação de pesquisas de opinião e também de um debate, presencial. Sobre a participação de empresários na disputa, Vilmar resume: “Nós não sabemos se iremos ter empresários disputando a eleição, mas é democrático, qualquer empresário pode participar”.
O senhor tomou posse como presidente da ACIM em janeiro deste ano, dirigindo a entidade pela segunda vez. Poucos meses depois, a pandemia do novo coronavírus começou a trazer reflexos negativos para a economia em todo o mundo. Em nível local, quais os principais reflexos da crise provocada pela pandemia? Como retomar os investimentos a partir de agora?
Quando eu assumi a ACIM pela segunda vez, que foi agora no dia 1º de janeiro de 2020, nós iniciamos um trabalho para tentar restabelecer as operações de várias empresas, como a Itagrês/Porcellanati, parada há um bom tempo, a Aficel, empresa beneficiadora de castanha que parou a produção por conta da seca que assola o nosso estado e região. Também a Itamil, que é uma empresa de processamento de calcário, aproveitando a nossa demanda, que é muito grande de calcário, e ela não chegou a operar, mas o mercado é muito promissor. Então, iniciou-se esse trabalho, e a partir do dia 20 de março pararam-se as tratativas, as negociações em função da pandemia do novo coronavírus, que trouxe um transtorno muito grande pra nós brasileiros e para o mundo inteiro. Estamos esperando que as coisas se acalmem para se retornar a conversar com esses empresários e outros que nós temos em vista.
Quais diferenciais da nossa economia podem fazer com que saiamos dessa crise de maneira mais célere?
Nós somos beneficiados pelo nosso solo, pelo nosso sol e as nossas águas rasas, dos poços rasos de Baraúna e a nossa chapada do Apodi, que vêm produzindo frutas para o Brasil e para o mundo, o que tem gerado um volume grande de contratação de mão de obra, haja vista que nós somos os maiores exportadores de frutas do Brasil. E, agora, com a abertura do mercado da China, acredito que a nossa região será beneficiada. Através da Fiern, no Mais RN, temos também uma gama de subsídios para quem quer investir no estado do Rio Grande do Norte, na chapada do Apodi, em toda a região do Oeste e Alto Oeste potiguar.
Muitos eventos estão sendo cancelados em virtude da pandemia. A Feira da Indústria e do Comércio da Região Oeste (FICRO) é um dos eventos prejudicados. A feira será realizada este ano?
A Ficro acontecerá esse ano no mês de outubro. Firmamos uma parceria com a TV a Cabo de Mossoró, e ela será virtual. Já fizemos contatos com nossos colaboradores, com o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com a Fecomércio, Fiern, e com a Prefeitura de Mossoró. Nós temos certeza do sucesso, é uma coisa sui generis no Nordeste e no estado do Rio Grande do Norte, eu acredito que nós teremos êxito com essa proposta. Será a 32º edição da Feira da Indústria e do Comércio da Região Oeste do Rio Grande do Norte.
Um dos principais ramos de atuação do senhor é o petrolífero. Como o senhor avalia o cenário desse setor no Rio Grande do Norte hoje? E esse processo de retomada, a partir da iniciativa privada, que resultados ele já apresenta?
Os campos terrestres de petróleo do Rio Grande do Norte serão todos repassados para a iniciativa privada. Nós já temos aqui na zona sul, que pega Apodi, Felipe Guerra, Caraúbas, toda essa região, uma grande empresa da Bahia, a Petrorecôncavo, que criou uma empresa subsidiária, a Potiguar E&P, e está operando com sucesso. A Petrorecôncavo já dobrou a produção. A produção que era de três mil barris passou para seis mil, ouvimos isso da própria empresa com relação aos campos de petróleo da região de Mossoró. Da região de Macau, outra empresa também comprou os campos e está operando há mais ou menos 30 dias. Agora, o que nós temos aqui é o Canto do Amaro, que já foi o maior campo terrestre em termo de produção, que ainda não foi negociado. Acredito que seja a cereja do bolo e vamos aguardar quem vai participar desse leilão.
Como o senhor enxerga a importância histórica da Petrobras para o Rio Grande do Norte?
A Petrobras deu uma grande contribuição para toda a nossa economia, tanto na geração de emprego, renda, como na qualificação da mão de obra. Hoje, nós temos profissionais na área de metalurgia para trabalhar em qualquer parte do mundo, como têm vários profissionais trabalhando fora do Brasil. As pessoas quando vêm nos visitar, os familiares que nos procura, eu fico muito feliz de saber que esses funcionários passaram pela Vipetro e que estão trabalhando fora do Brasil, isso me deixa muito satisfeito, muito alegre, muito feliz.
Qual a avaliação que o senhor faz da política econômica do governo Fátima Bezerra? O estado está há mais de dois meses sem um titular na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, desde a saída de Jaime Calado...
Eu diria que a governadora Fátima Bezerra vem cuidando do RN de acordo com as posses financeiras do estado. A nossa malha viária está muito bem obrigado, muito bem cuidada, os investimentos da Caern são vultosos, valores expressivos em nível estadual. Com relação à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, o doutor Jaime Calado está ausente por uma conveniência que não sei qual é, mas Sílvio Torquato, que é o adjunto, assumiu a secretaria provisoriamente e está realizando um excelente trabalho. As dificuldades no estado são muitas, como em outras unidades da federação, mas eu sinto muita boa vontade de parte da governadora.
Vamos falar agora sobre política, eleições 2020. De que forma a classe empresarial, que representa o PIB da cidade, pretende participar do processo de escolha do futuro gestor municipal? A ACIM pretende ouvir os candidatos, apresentar propostas? E de que forma isso será feito em tempos de pandemia?
No pleito anterior para prefeito de Mossoró, nós tivemos empresários que participaram da disputa, e no pleito desse ano, que acontecerá em novembro, nós não sabemos se iremos ter empresários disputando a eleição, mas é democrático, qualquer empresário pode participar. Com relação ainda ao pleito, o nosso pensamento, juntamente com o segundo convênio com a TCM, é fazermos pesquisas de opinião pública. Também planejamos fazermos um debate, se Deus quiser de forma presencial, com todos os candidatos, para que o eleitorado tenha o seu direito de escolher democraticamente quem vai governar o município pelos próximos quatro anos, a partir de janeiro de 2021.
Qual a avaliação que o senhor faz da atuação do Governo Federal, sob o ponto de vista econômico, durante a pandemia?
Gostaria de ressaltar a importância do Governo Federal, com relação à Medida Provisória 937, do auxílio emergencial que liberou para a população uma importância muito expressiva, logicamente com a homologação também do Poder Legislativo, que foi de suma importância para segurar a parada que nós tivemos na economia do país. Essa ação foi muito importante para a economia dos estados e municípios, principalmente, dos pequenos municípios. Isso é extremamente relevante, considero um ponto muito positivo na atual gestão do presidente da República e também do Congresso Nacional, que nessa MP estavam de mãos dadas. O ministro Paulo Guedes já sinaliza também que o auxílio poderá continuar até dezembro, o que seria muito importante, mesmo com valores menores. Isso mexeu com a nossa economia e melhorou muito o meio circulante.
Caso queira acrescentar algo, fique à vontade...
Gostaria de destacar que já passaram pela Vipetro, ao longo de sua história, mais de 10 mil funcionários, isso é um dado que me deixa muito orgulhoso. A Vipetro é uma empresa genuinamente mossoroense. Trabalhamos nesse segmento em vários estados da federação, na área de gás, na Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e no próprio Rio Grande do Norte. Queria acrescentar também que a ACIM firmou um convênio com a Agência de Fomento do RN, e está representando na região de Mossoró com a carteira de empréstimo para pequenos empresários, aqueles que querem iniciar um pequeno negócio, o que acho de suma importância para o estado, para Mossoró. Para se ter uma ideia, esse ano no município de Apodi já foi firmado contrato na ordem de R$ 600 mil, e nós já estamos começando a atender aos empresários, empreendedores de Mossoró, com uma linha de crédito que, pagando à vista, não tem juros. É muito interessante.
Tags: