Do Blog Malu Gaspar / Globo
Tanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm imposto condições para participar de debates antes do primeiro turno das eleições, marcado para 2 de outubro.
O assunto veio à tona durante a convenção do PL, no último domingo (24), que confirmou a candidatura de Bolsonaro à reeleição. “Não teria aqui adjetivos para qualificá-lo (Lula) neste momento. Quem sabe num debate, caso ele esteja presente”, desafiou o presidente, durante evento no Maracanãzinho.
O chefe do Executivo tem outras duas exigências para confirmar a participação nos debates.
Segundo aliados, o presidente – que vê inimigos por todos os lados e é adepto de teorias conspiratórias – quer ter um “controle maior” sobre o ambiente, participando das discussões com jornalistas que não lhe sejam “hostis”.
A terceira exigência é a de que os veículos de imprensa façam um “pool”, reunindo profissionais de diferentes grupos para formular as perguntas do programa.
“Lula provavelmente não irá, e, se assim for, o interesse de Bolsonaro em participar também murchará. A experiência mostra que debates, na maioria dos casos, servem mais para reforçar os pontos de vista dos já ‘convertidos’ do que qualquer outra coisa”, opina o cientista político Paulo Kramer, que ajudou a formular o plano de governo bolsonarista em 2018.
Aliados de Lula avaliam reservadamente que Lula só deve confirmar presença em debates, se Bolsonaro também for. “Não faz sentido Lula ir para um debate sem a presença do Bolsonaro”, afirmou à equipe da coluna um integrante do núcleo duro da campanha.
Um dos temores de petistas é que, sem Bolsonaro, Lula se torne o alvo preferencial de ataques dos outros presidenciáveis, que ainda patinam nas pesquisas – e lutam para levar a disputa para o segundo turno.
Outro receio é o de que Lula acabe dando munição para os adversários, caso derrape em respostas ao ser provocado sobre temas politicamente de alta combustão, como o esquema bilionário de corrupção revelado pela Lava Jato e a descriminalização do aborto.
A campanha de Lula informou à coluna, no entanto, que a decisão sobre a participação do ex-presidente em debates “não tem a ver com a ida ou não de Bolsonaro”.
Bolsonaro, por sua vez, quer evitar perguntas sobre o esquema de rachadinhas no seu antigo gabinete de deputado federal e outros escândalos que abalaram o governo, como a existência de um esquema de corrupção capitaneado por pastores no Ministério da Educação.
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