Quinta-Feira, 13 de fevereiro de 2025

Postado às 09h15 | 21 Jun 2022 | redação Apenas 48% dos usuários de transporte público são pagantes, diz empresa

Crédito da foto: Arquivo Ônibus da empresa Cidade do Sol

Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO

De acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira, 20, pela Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito, apenas 48% dos usuários do transporte coletivo de Mossoró pagam o valor integral da passagem, que é de R$ 3,30. Os dados apontam também que os demais usuários possuem gratuidade (idosos, pessoas com deficiência, por exemplo) ou pagam apenas a meia passagem, como é o caso dos estudantes.

O relatório foi apresentado durante uma coletiva de imprensa para demonstrar o atual cenário vivenciado pelo segmento do transporte coletivo de Mossoró. O evento contou com a participação do diretor executivo de Mobilidade Urbana, Luís Correia, e do diretor da empresa Cidade do Sol, Waldemar Araújo, responsável pelo fornecimento do transporte coletivo em Mossoró.

Waldemar Araújo expôs várias questões que precisam ser solucionadas para que a empresa continue operando. O reajuste no preço das passagens é uma das opções que está sendo analisada. Segundo Waldemar, o último reajuste aconteceu no ano de 2018. “São vários os problemas financeiros enfrentados pela empresa para manter o serviço, por isso precisamos encontrar soluções para que a Cidade do Sol tenha condições de continuar operando”, relatou.

Algumas rotas apresentam uma baixa adesão de passageiros, como é o caso das linhas Belo Horizonte, Aeroporto e Planalto. Diante dessas dificuldades, a empresa afirma que trabalha com a opção de reajustar a tarifa, que é a mesma mesmo de 2018, além de reduzir o número de linhas em circulação. Waldemar Araújo explica que hoje, para manter o sistema financeiramente, a passagem de ônibus teria que custar em torno de R$ 9.

“Oito meses após o plano de retomada do transporte coletivo, com o programa Ônibus no Bairro, o sistema amarga baixo número de passageiros pagantes, linhas deficitárias e crescente preço de insumos. Para suprir os custos, segundo a concessionária Cidade do Sol, a tarifa deveria ser R$ 8,56, mais que o dobro do valor atual, R$ 3,30 – sem reajuste há quatro anos”, informou a empresa, por meio de nota oficial.

De acordo com a empresa, o balanço apresentado pela Sesdem evidencia que, apesar de medidas adotadas pelo Executivo, como fiscalização de modais clandestinos e aporte mensal de R$ 65 mil, a elevada gratuidade – taxa de 42% do total de passageiros transportados – as constantes altas no preço do diesel pressionam o sistema. Informa ainda que somente a adoção de medidas conjuntas pode viabilizar o sistema.

“Além da redução do Imposto Sobre Serviço (ISS) de 5% para 2%, aprovada recentemente pela Câmara Municipal de Mossoró, outras alternativas poderão equilibrar o sistema de transporte público coletivo. O problema enfrentado pelo setor é nacional, e muitas medidas estão sendo replicadas nos municípios para manter o serviço operando. Aqui em Mossoró o ISS será reduzido, mas uma medida isolada não funcionará. É preciso pensar em outras alternativas como tarifa cidadã, subsídio para gratuidade, e tantas outras que estão sendo adotadas Brasil afora para não tornar o sistema insustentável”, alerta.

O diretor da empresa Cidade do Sol informou que o desequilíbrio econômico está tão grande que a empresa tá caindo num processo de insolvência, e cobra a disponibilização de um maior subsídio para que a empresa continue operando na cidade. Segundo o secretário Cledinilson Morais, a Prefeitura pretende analisar a possibilidade de aumentar o repasse de recursos para a empresa.

Ele destacou que, apesar da ampliação das linhas e dos ônibus ter sido reivindicação da população, a utilização do serviço está muito abaixo do esperado. A pouca adesão por parte dos usuários vem gerando problemas financeiros para a empresa responsável pelo serviço. Para tentar reverter o quadro, alternativas estão sendo buscadas tanto pela Prefeitura de Mossoró quanto pela empresa responsável pelo serviço.

“Fizemos uma projeção inicial para a retomada do transporte público em outubro do ano passado. Fizemos todas as linhas, porém não tivemos a resposta dos passageiros, de forma que temos algumas linhas operando com dois, cinco passageiros por viagem. Então, estamos sentando para analisar todo esse plano de retomada que foi implementado pela Prefeitura de Mossoró, para ver a possibilidade de um aporte financeiro maior, para que possa subsidiar essas linhas que estão deficitárias”, informou o secretário.

Ainda de acordo com o relatório, das dez linhas reativadas pelo Programa Ônibus no Bairro, sete delas operam com menos de 100 passageiros diariamente. Em maio, a linha Belo Horizonte foi a mais deficitária, com média de 14 passageiros ao dia. A linha Macarrão transportou 26 pessoas, seguida pela Planalto com 35; linha Shopping 48, linha Nova Mossoró 58, linha Bom Jesus 76 e linha Sumaré com 95 passageiros.

A deficiência das linhas reflete a queda de passageiros. Para se ter uma ideia, em maio de 2019 eram transportados 247.897 passageiros ao mês. Em maio deste ano, o número caiu para apenas 87.334 pessoas que utilizaram o ônibus como meio de transporte em Mossoró. Em contrapartida, o custo só subiu com salários e outros insumos, como pneus e peças.

 

Aumento do diesel prejudica ainda mais a situação da empresa

No mês de maio, a empresa Cidade do Sol, que opera com o transporte coletivo em Mossoró, enviou um comunicado à sociedade afirmando que a alta no preço do diesel ameaçava o transporte público da cidade. A empresa informou ainda que o custo da operação não para de crescer, enquanto as receitas não cobrem as despesas.

Segundo a concessionária do serviço em Mossoró, Cidade do Sol, a situação é gravíssima. O diesel já acumula alta de mais de 50% nas refinarias da Petrobras no ano. Para piorar o cenário, essa disparada coincide com a retomada de linhas em Mossoró, nos últimos meses.

Em 2022, os ônibus passaram a rodar 50% a mais em Mossoró. A quilometragem mensal saltou de 22.370, em janeiro, para 45.412, em março – mês em que o diesel subiu 24%. Diretor da Cidade do Sol, Waldemar Araújo alerta: a conta não fecha.

“Passamos a necessitar de mais diesel e a encontrá-lo cada vez mais caro. Subiu também o custo com pneu, mecânica e pessoal. Por outro lado, muitas linhas continuam deficitárias. Dos poucos passageiros, a minoria é pagante, predomina a gratuidade. É prejuízo”, lamenta.

Na última sexta-feira, 17, a Petrobras anunciou mais um aumento no preço do diesel, que não era reajustado desde 10 de maio. Com o reajuste, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro (alta de 14,26%).

 

Tags:

Mossoró
Cidade do Sol
transporte coletivo
usuário
diesel

voltar