Por g1
Uma parceria entre o Ibama e o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS, na sigla em inglês) foi afetada pelo decreto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que interrompe a ajuda americana a outros países.
No dia 20 de janeiro, o republicano determinou que fossem suspensos, por 90 dias, todos os projetos que destinavam recursos para países estrangeiros.
Por causa disso, está paralisado o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, que é executado pela USFS desde 2021 e forma brigadistas. O programa também oferece capacitação técnica para profissionais que já atuam na linha de frente do combate aos incêndios florestais.
Foram realizados ao menos 51 cursos e treinamentos em parceria com órgãos como o Ibama, a Funai e o ICMBio entre 2021 e 2023. Mais de 3 mil pessoas foram treinadas, principalmente mulheres indígenas, que passaram a atuar como brigadistas em seus territórios.
O Ibama confirmou ao g1 que recebeu um e-mail informando a suspensão das atividades de assistência internacional. O decreto de Trump diz que “deveriam ser suspensas, imediatamente, novas obrigações e desembolsos de fundos [...] para países estrangeiros e organizações não governamentais implementadoras, organizações internacionais e contratantes”.
A USFS é uma agência do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, responsável por administrar cerca de 780 mil quilômetros quadrados de florestas e pastagens nacionais.
De acordo com o site do órgão, sua missão é "sustentar a saúde, a diversidade e a produtividade das florestas e pastagens da Nação para atender às necessidades das gerações presentes e futura".
Congelamento da USAID
O Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, executado pela USFS, era financiado pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O órgão, que virou alvo de ataques de Donald Trump, presta ajuda humanitária em mais de 100 países.
No Brasil, a agência prioriza iniciativas de conservação da biodiversidade, redução do desmatamento e o combate aos crimes ambientais nas áreas protegidas da Amazônia, incluindo as terras indígenas.
Em 2024, por exemplo, a USAID destinou US$ 1 milhão para atender às necessidades imediatas das famílias afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Após a ordem de Trump, página da USAID ficou inativa. Já o site da USFS passou a mostrar uma mensagem de erro para alguns acessos, como na página de avaliações de vulnerabilidade para incêndios florestais.
Parceria com o Ibama desde 1999
O primeiro acordo entre o Ibama e a USFS foi firmado em 1999, segundo o órgão brasileiro. O Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Fogo no Brasil foi lançado em 2021 e teria duração de cinco anos, se não fossem as medidas recentes do governo americano que tornam o futuro do projeto incerto.
O Ibama informou que a paralisação das atividades “não gera impacto direto no combate ao fogo no Brasil”, mas prejudica aspectos técnicos, devido à “interrupção de algumas ações que poderiam fortalecer e estruturar as instituições brasileiras, particularmente em termos de capacitação de profissionais”.
O órgão ainda afirmou que as atividades já programadas estão sendo avaliadas pelas instituições federais brasileiras envolvidas no Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios, como o próprio Ibama, o ICMBio e a Funai. Elas “estão sendo mantidas ou remarcadas a critério dessas instituições, sem a participação do Serviço Florestal dos Estados Unidos”, garantiu o Ibama.
Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que recordes de incêndios nos biomas brasileiros em 2024. O número de focos aumentou 43,7% na Amazônia, 64,2% no Cerrado e 139% no Pantanal, em comparação ao mesmo período de 2023 - 1 de janeiro a 30 de novembro.
Tags: