Por Marcelo Brasil / globoesporte.com / SP
Uma vitória em um Dérbi pode mudar histórias dentro do Corinthians. Em 2017, ninguém acreditava em Fábio Carille até o jogo em que o Timão, com um a menos, venceu o Palmeiras por 1 a 0 no Paulistão, com gol de Jô. Um resultado que iniciou a arrancada em ano de título estadual e brasileiro.
O 2 a 1 que o time de Sylvinho obteve na noite de sábado na Neo Química Arena pode ser o "turning point" (um ponto de virada, na tradução) em sua trajetória como treinador do Corinthians.
Em um momento em que a pressão virtual era avassaladora contra seu nome, o técnico recebeu força da diretoria, teve seus resultados valorizados e, com enorme personalidade, nadou contra a maré ao escolher Cantillo como o substituto do suspenso Gabriel. Foi chamado de louco. Mas estava certo.
A vitória do Corinthians diante do Palmeiras foi a oitava de Sylvinho em 24 jogos, mas a primeira com a sua assinatura. Foi um jogo para chamar de seu – dividindo o mérito, claro, com os jogadores, que construíram uma atuação muito consistente, firme e madura contra o bom time do Palmeiras.
Montado no 4-5-1, o Timão jogava num 4-3-3 quando tinha a bola. Cantillo, o primeiro homem da saída, teve Giuliano à sua direita e Renato Augusto à sua esquerda. Todos se doando na marcação, em um jogo de muita entrega, dedicação e passes rápidos. Um meio-campo com fluidez e bastante pegada.
Ao lado de João Victor, Cantillo liderou o número de desarmes da equipe, cada um com cinco. Renato e Fagner tiveram quatro. Foram, ao todo, 25 do Corinthians. O colombiano, como de costume, também foi excelente nos passes: acertou 53 de 55, com 96% de excelência.
Do meio para frente, duas flechas: Willian pela esquerda e Gabriel Pereira pela direita. Rápidos e habilidosos, os dois construíram diversas jogadas na transição ofensiva corintiana, levando muita dificuldade para os laterais Gabriel Menino e Renan. E, além deles, tinha Róger Guedes.
Jogador mais falado no pré-jogo por seu histórico conturbado no Palmeiras, o atacante só não fez chover em Itaquera. No primeiro tempo, marcou o primeiro após a blitz de Renato Augusto e passe de Giuliano. Depois, recebeu de Willian e marcou em posição de impedimento, em gol que foi anulado.
O melhor, porém, ainda estava guardado: nos minutos finais, recebeu de Vitinho em velocidade, deu o corte em Gabriel Menino e chutou no ângulo do gol, sem nenhuma chance para Weverton. Um jogador terminal, que mostrou-se num patamar superior ao de Jô na função de nome mais avançado.
O Corinthians, que teve pela primeira vez seu quarteto de reforços junto em campo, encantou, com um time técnico, solto e rápido no meio. Algo que talvez não sirva para todas as partidas, mas que funcionou bem contra um time que jogou de igual para igual – o rival finalizou 14 vezes.
A vitória tira a pedra da mão do torcedor e, com oito jogos de invencibilidade, dá paz a Sylvinho. O treinador sobe um degrau em sua carreira em um jogo no qual ganhou o respeito de muita gente. Em momento de autodescobrimento, ele passa o recado de que é mais capaz do que muitos imaginam.
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